Blog de Criação de Roteiros
Publicado em por Courtney Meznarich

"Não seja precioso", e outros conselhos do roteirista Adam G. Simon

De Hollywood ao Paquistão, roteiristas do mundo inteiro acessaram nosso story do Instagram para fazer perguntas ao roteirista Adam G. Simon sobre como iniciar suas carreiras de roteiristas.

“Adoro contribuir porque ninguém realmente me ajudou”, afirmou ele à comunidade de escritores. “Quero que mais pessoas obtenham sucesso. Quero mais pessoas participando. Quero mais pessoas criando ideias. Antes de conseguir chegar lá, eu tinha 150 dólares negativos na minha conta bancária, e uma caixa de roteiros. Isso me colocou em uma posição onde eu precisava matar ou morrer. Teria sido bom receber alguma orientação.”

E, assim, ele forneceu orientação! Ele se apoiou em sua experiência na indústria até hoje, incluindo como conquistou uma carreira profissional em Hollywood, usando sua exclusiva ousadia sem remorso para responder às perguntas dos escritores.

Vida e carreira

Simon começou sua carreira como ator de TV, cinema e teatro antes de escrever e estrelar seu primeiro filme, “Synapse”. Ele também escreveu “Man Down”, dirigido por Dito Montiel, estrelado por Shia LaBeouf, Kate Mara, Gary Oldman e Jai Courtney; bem como o filme de 2019 da Netflix “À Queima Roupa”, estrelado por Anthony Mackie, Frank Grillo e Marcia Gay Harden; e coescreveu um remake do thriller de ação “The Raid” com Joe Carnahan. Em 2021, ele e sua parceira de negócios Andrea Bucko produziram “On Our Way”, escrito e dirigido por Sophie Lane Curtis e estrelado por James Badge Dale, Jordana Brewster, Michael Richardson, Vanessa Redgrave e Keith Powers. Seu projeto mais recente em desenvolvimento é um filme de ação chamado “Hit, Kick, Punch, Kill”, que ele coescreveu com Maninder Chana. A data de estreia do filme não foi definida.

O nome do meio de Simon deveria ser “Agitação”, e o impetuoso roteirista e produtor tinha muitos conselhos a dar sobre como adentrar Hollywood, o que ele comprova que pode ser feito mesmo quando você está passando por um momento difícil. Aqui estão algumas de suas respostas de nossa entrevista ao vivo.

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Eu tenho um piloto protegido por direitos autorais. Como faço para encontrar agentes que aceitam novatos?

“Quando escrevi 'Man Down', eu estava desamparado. Eu não tinha agente. Eu não tinha manager. Eu estava apenas escrevendo. Então, eu acordava de manhã e pesquisava online sobre diversas pessoas nos departamentos de aquisições dos estúdios. E eu telefonava para os estúdios e marcava reuniões gerais para conversar com eles. E foi assim que consegui lançar o Man Down. Então, era mais ou menos assim: 'Oi, como você está, este é Todd Ferguson - uma brincadeira com o personagem do Saturday Night Live Turd Ferguson (risos). Eu represento Adam Simon, um roteirista que escreveu diversos materiais. Nós gostaríamos de marcar uma reunião para ele se encontrar com vocês e discutir suas ideias e projetos'. E, em última análise, eu encontrei um monte de pessoas que disseram "sim". E recebi centenas de "nãos". Mas eu também recebi um punhado de "sins", e um desses calhou de ser oriundo da Mpower Pictures, e foi assim que 'Man Down' ganhou vida.”

Eu preciso de um agente? Parece que tudo começa por aí.

“As coisas não começam com um agente. Realmente não é assim. Eu tenho sete projetos sem contar com um agente ou manager. Isso foi tudo possível por conta da minha própria atitude de correr atrás, saindo e conversando com as pessoas, ficando frente a frente com as pessoas, marcando reuniões por conta própria. O que você precisa é de uma ótima história. Se você a criar, eles virão... Não fique preso ao fato de que 'eu preciso de um agente, preciso de um manager'. Você não precisa. Você precisa de um bom trabalho. Faça um bom trabalho, seja bom, seja visto. Divulgue seu trabalho através de qualquer meio possível. Você precisa ter um bom produto, mas, na verdade, 90% desse negócio consiste em correr atrás. Encontre uma maneira que não seja a maneira que as pessoas estão constantemente lhe dizendo. Realmente não há um caminho único. Todas as pessoas que eu conheço e que entraram no negócio possuem histórias semelhantes, mas também muito diferentes.”

De onde você tira suas ideias de filmes? Como você os mantêm interessantes, para que não fique cansado de sua própria história enquanto estiver trabalhando nisso para sempre?

“Tudo sempre começa com um conceito simples, uma ideia simples e uma verdade universal. Eu ouço isso de pessoas que sempre têm grandes ideias. Eu ouvi de um cara que tinha uma ideia sobre zumbis lutando contra robôs... Mas do que ela se trata? O que está na essência de uma história? Por exemplo, 'Man Down' fala sobre um homem tentando reunir sua família novamente. 'John Wick' conta a história de um homem que quer vingar o assassinato de seu cachorro. Então, eu sempre volto a esse ponto para me impedir de ficar entediado, e também para me manter no caminho certo. Todas as cenas, todos os diálogos, todos os momentos do seu roteiro estão aproximando ou afastando você do objetivo de seu personagem principal. E, quando você faz isso, cria-se uma tensão. E, a cada momento, tento marcar meus momentos nos roteiros através de tensão. Jamais quero apenas preencher páginas. E o que faço para mantê-lo interessante? Bem, eu crio listas de músicas, lookbooks, trabalhos artísticos. Eu saio e encontro pessoas. Vejo filmes de um gênero semelhante. Ou crio músicas que existiriam nesse mundo, para estimular o lado criativo do meu cérebro.”

Quantos roteiros eu preciso ter prontos?

“Eu tinha 13 roteiros quando comecei a me representar. Trabalhei para James Cameron enquanto ele estava fazendo a pós-produção de Avatar. Esse foi o momento mais gratificante da minha vida. E foi nessa época que eu estava escrevendo constantemente, então, eu tinha pilhas de gêneros diferentes, ideias diferentes, histórias diferentes que eu gostaria de contar. E eu sabia antecipadamente, por frequentar os estúdios, que tipos de histórias as pessoas estavam procurando. Conheça o seu público.”

Sobre a concorrência…

“Deixe-me dizer isto. Você precisa saber o quanto de concorrência existe por aí. Eu não posso enfatizar isso o suficiente. Isso é muito, muito importante. Participei como jurado em um site muito popular de envio de roteiros para concursos. Nas primeiras 24 horas, recebemos mais de 10.000 envios. O mercado está saturado. Cada estúdio tem seus próprios escritores internos; além disso, você tem o fator nepotismo, você tem que passar por cima disso. Então, há aquelas pessoas internas. Então você precisa superar os profissionais criativos. Em seguida, você precisa superar as pessoas com agentes que estão aproveitando relacionamentos pessoais. Então, não há uma forma certa: há apenas a sua forma. Existe uma frase antiga que eu amo [de Calvin Coolidge], e a estou tatuando em mim. Ela diz:

“Nada neste mundo pode substituir a persistência. O talento não irá substituí-la; nada é mais comum do que homens talentosos e malsucedidos. Os gênios não irão substituí-la; um gênio não recompensado é quase um provérbio. A educação não irá substituí-la; o mundo está cheio de pessoas educadas abandonadas. A persistência e a determinação, sozinhas, são onipotentes. O slogan 'Siga em frente!' resolveu e sempre resolverá os problemas da raça humana.”

Ou, como disse Bruce Lee: "Seja água". “Encontre seu próprio caminho, e as pessoas respeitarão isso.”

O que você acha de ser voluntário em festivais de cinema?

“Festivais de cinema são ótimos, mas, novamente, todo o trabalho de networking precisa ser apoiado por algo… Há muitas pessoas que falam para você correr atrás, mas elas não têm nada. Elas apenas fazem um networking perpétuo. Elas vão a seminários, eventos do tipo 'meet and greet' e festivais, e pagam por aulas magnas. Mas elas não têm nada a oferecer. No final do dia, você deve ser bom, e você tem que ter um produto para entregar como escritor. Se você quer ser escritor, escreva todos os dias.”

Como faço para transformar uma ideia em um roteiro?

“Tudo começa com a jornada. Se você tem uma ótima ideia apenas na sua cabeça, mas não sabe o que fazer com ela, comece a perguntar por quê. Quem? Como? E se tal coisa acontecesse? Se você começar a se fazer essas perguntas, a história começa a se construir.”

Você recomenda que os roteiristas experimentem outros trabalhos na área cinematográfica para melhorar sua capacidade de criação de roteiros?

"Certamente. Minha atuação fundamenta minha escrita. Minha atuação e minha escrita fundamentam minha direção. E, a propósito, isso ajuda você a ter uma melhor noção das pessoas. Conheça cineastas, dublês, técnicos de som, 'grips', compositores. O cinema é colaborativo. Seu roteiro é uma criatura em evolução. O roteiro que você escreveu em sua loucura... Não será o mesmo roteiro quando você terminar a produção.”

Como faço para entender melhor a formatação?

“Leia roteiros.”

Qual é sua opinião sobre a escrita colaborativa?

“Eu amo escrever em colaboração. Escrevi "The Raid" com Joe Carnahan. É algo lindo, porque não se trata de ego; estamos apenas tentando criar a melhor história. Eu tive experiências maravilhosas de coescrita, e especialmente quando o escritor não é alguém que concorda com tudo, quando esse escritor tem um ponto de vista muito distinto. Você deve encontrar pessoas que tenham opiniões e pontos de vista.”

Os roteiros precisam ser registrados?

“Registre seus roteiros. Mantenha acordos em vigor. Se alguém disser que tem uma ideia e que deseja que você escreva, diga "então, precisamos de um acordo". E sempre escreva correspondências e acordos como se eles precisassem ser lidos no tribunal.”

Os roteiristas precisam morar em Hollywood?

“Não, mas os melhores moram (risos). Não, falando sério. Atlanta, Detroit, Nova York, há muitas pessoas que não moram em Los Angeles. Nós vivemos na era digital, então, você pode fazer isso. Mas preciso dizer que isso facilitou bastante. As pessoas gostam de se encontrar pessoalmente. Porém, antes de você se mudar para Los Angeles para ser roteirista, primeiramente seja um bom escritor.”

É válido trabalhar de graça para ganhar experiência?

“Eu fiz muitos trabalhos de graça, mas o trabalho grátis que fiz anos atrás foi fornecer observações e ler roteiros. Conheça outros roteiristas e colabore com eles para se aprimorar. Entenda a área sobre a qual você está falando. Mas, quando você está sendo pago por alguma coisa, existe um certo nível de respeito. Saiba seu valor."

Qual foi o maior erro que você cometeu ao chegar em Hollywood, e como podemos aprender com ele?

“Não seja precioso. Seja colaborativo. Seja fácil de trabalhar. Seja aberto, em vez de pensar que 'eu sou um gênio louco'. Se você pretende ser escritor, conheça suas batalhas. O que está na página quase nunca é o que sai na sala de edição. Em 'Point Blank', quando o filme foi filmado em Cincinnati, eles não tinham os locais de que precisávamos. Então nós tivemos um problema. Tivemos que mudar os locais, mas eles eram fundamentais para a história. Então, como escritor, eu poderia ter dito "não, a história é essa", mas não o fiz, porque você deve ser o mais fácil possível de se trabalhar. O que nós TEMOS? Como podemos fazer isso funcionar? As coisas NUNCA serão o que está na sua cabeça.”

Você acha mais fácil escrever filmes originais ou adaptações?

“Descobri que adaptar um material original é mais difícil para mim. Considere "The Raid", por exemplo. Por que mexer com ele? Ele tem fãs ávidos. E a resposta para essa pergunta foi que havia algo realmente muito bacana que ficou ausente no original. Então, encontrar aquilo que representa uma verdade poderosa ou universal é o caminho a seguir.”

Quais são suas rotinas diárias quando você está em modo de escrita?

“Muito café. Jejum intermitente. Eu realmente fico em uma forma melhor quando estou escrevendo. Descobri que a energia é útil. Comer das 9h às 17h, tomar café durante todo o dia, correr e ditar. Enquanto estou escrevendo, não ouço nada que tenha letras, ou seja, escuto música instrumental — house, trance, jazz, country, depende apenas do ritmo da música.”

Somos muito gratos aos roteiristas que ajudam outros roteiristas! Obrigado, Adam, por responder às nossas perguntas. Agora, vamos correr atrás.

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